Curso: a recessão Democrática e o mundo após a ucrânia
A invasão da Ucrânia pela Rússia pode terminar de vez com aquilo que o presidente americano George H W Bush chamou de Nova Ordem Mundial. Entre 1992, após a queda da União Soviética, e 2007, democracias se espalharam como nunca pelo mundo. A partir dali, entramos num período que alguns cientistas políticos chamam de Recessão Democrática. O número de democracias parou de crescer, a qualidade das democracias existentes piorou, e algumas se tornaram regimes autoritários.
Este período não é perfeito e não foi inteiramente pacífico. Os problemas do mundo não se resolveram todos. Mas a economia cresceu, gente em todo planeta melhorou de vida. Aumentou o acesso a educação e vida digna. Poderia continuar melhorando — mas erros de toda sorte contribuíram para que não ocorresse.
Pela primeira vez desde a Segunda Guerra, agora o líder de um país europeu nega que um povo exista e que uma nação tenha direito a suas fronteiras. É isto que Vladimir Putin afirma. Que os ucranianos não existem como povo, a Ucrânia é uma invenção artificial de Lenin e que algumas de suas províncias deveriam ser tornadas independentes.
O que houve? Como viemos parar aqui?
Houve um momento, nos primeiros anos da década de noventa, que pareceu a muitos que até a China se democratizaria. A Rússia parecia estar neste caminho. Mas erros importantes foram cometidos, erros que precisam ser revistos para que democracias tenham chance de reflorescer no mundo.
Datas e dinâmica
As aulas ocorrerão através da plataforma Zoom, sempre às terças-feiras, às 19h, a partir de 29 de março.
Os vídeos estarão à disposição dos alunos, logo depois — se você perdeu uma aula, não há problema. Dá para recuperar.
Cada aula terá uma hora com mais tempo dedicado às perguntas.
Como aluno, ligar sua câmera ou não é uma escolha.
Após a matrícula, você receberá por email o endereço do curso e a senha para entrar. Inscreva-se.
São R$270 e você pode dividir em até 3 vezes.
E claro… Haverá uma quinta aula.
Não propriamente uma aula. Na terça, dia 26 de abril, faremos uma grande conversa sobre os temas do curso. Um bate papo com o professor. É uma oportunidade, também, para processar toda a informação.
Ainda há vagas. Matricule-se.
2ª Aula: Democracia, Globalização e Internet
Três fenômenos simultâneos ocorreram entre os anos 1990 e 2000. A Globalização mudou a lógica da produção, distribuição e comércio de mercadorias alterando a organização dos países e do mundo. Democracias ganharam força trazendo legitimidade e melhorias para inúmeras nações. E a Internet fez do mundo um só, em pleno contato, acelerando o encontro de diferentes. Os três processos construíram um ambiente de riscos, porém de otimismo. Um otimismo talvez excessivo.
1ª Aula: A Nova Ordem Mundial
Durante a Guerra Fria, o mundo se organizou entre duas potências. Os EUA e a União Soviética. Mas a garantia de que uma guerra nuclear destruiria o planeta evitou uma guerra entre ambos. Dividiram, então, o mundo em áreas de influência. Patrocinaram golpes, ditaduras, promoveram guerras. Mas quando o colapso econômico da URSS veio, um grupo de pensadores começou a sugerir que havia um jeito novo de organizar o mundo. Que talvez o espaço estivesse aberto para a expansão de democracias.
4ª Aula: Das Passeatas à Ucrânia
Há três marcas do período pós-2008. Uma é a crise econômica infindável. Outra são estes novos movimentos orientados pelas redes, de Occupy Wall Street aos Indignados espanhóis, da Primavera Árabe às Revoluções Coloridas, nosso 2013 e os levantes chilenos. São movimentos que desorientam a esquerda e apavoram a extrema-direita. Neste contexto é que democracias começam a falhar em toda parte — incluindo nos EUA e aqui. É neste contexto que Vladimir Putin dá seu bote.
3ª Aula: Os Erros
Após o Onze de Setembro, os EUA tomaram a decisão de invadir o Iraque, que nada tinha com o ataque. A decisão destruiu parte da malha cultural que sustentava o Oriente Médio e corroeu por dentro a política americana. A desregulamentação excessiva dos mercados financeiros levou a uma grave crise econômica, a partir de 2008. E a tribalização das sociedades, que se espatifaram em pequenos grupos identitários ou ideológicos, fragilizou de vez democracias. Foi o começo da crise.